quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Rosa dos Ventos

Quando parece tudo perdido e o peito parece pequeno demais para aguentar, o sangue que te percorre esfria deixando-te um palpitar seco e moribundo de um corpo gelado despido de sentimentos! Corre para bem longe, grita o ar que te consome, incendeia o pulsar da vida e que este reduza a cinzas todos os teus medos. O mundo é o teu elenco, e tu és a sua personagem principal! Que guião? Que roteiro? Vive o improviso, e arrepende-te, improvisa de novo, e atinge a perfeição.
Desprende-te dessas coisas banais, sim coisas, que nada mais são do que algo inexistente a que a tua consciencia atribui um valor.
Junta-te a mim! Vamos percorrer toda a circunferencia da Terra, navegar pela rosa dos ventos e ficar em todos os lugares, nos nossos lugares! Para um dia ao recordar podermos dizer: a dor que me consomia desapareceu, para o meu peito apenas suportar
o que me faz verdadeiramente feliz, tu, e todo o tempo em qualquer lugar que estive
contigo.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Um Café se Faz Favor



«Numa esplanada a beira-mar, num espaço de tempo, de antes até ao inicio do por do sol…»
- O que me vai cá dentro? – Perguntava-lhe eu – Para além do sangue que me rega por caminhos viciosos? Sinto-me como se visse televisão, sendo eu e não sendo, sendo eu à distância, sem poder desligar ou mudar, sem poder decidir ou sentir. Parece um sonho, ou aquele modo sonâmbulo quando acordas. O problema é eu me lembrar dos dias, que passam, do tempo e dos lugares. Não, não estou a sonhar – brincava com o maço de tabaco numa indecisão de querer ou não e ela olhava-me, investigando-me – Mas que raio é isto? – Continuei – Vou dar em maluco se não acordo…
- Então não me disseste agora que não estavas a sonhar? Se não estás, estás acordado.
- Sim estou, mas só o facto de saberes que estás acordado, não quer dizer que o estejas. Apercebi-me agora da ironia da situação.
- Conta-me ponto por ponto, que já me perdi, estou intrigada – disse-me ela com um sorriso expectante.
- É muito simples, normalmente só sentes uma coisa de cada vez, quando se pensares podias estar a sentir muito mais mas nem dás conta.
Por exemplo – quase que gritava de tanta certeza que tinha – agora ouves-me a falar e já esqueceste o sol que te queima a pele, ou o sabor desse sumo. Agora que falei, em cada momento paraste e lembraste-te de cada um.
 - Mas não somos limitados a isso? A ficar no máximo com um ou dois sentimentos activos? – Respondeu-me retoricamente.
- Não enganas-te. É quando vives no expoente máximo que te presenteiam com todo o tipo de emoções. Eu não quero sentir tudo de uma vez, até porque certamente morria, eu quero sentir tudo no mínimo espaço de tempo possível. Só então me poderei sentir realmente vivo.
 - E como pensas fazer isso? – Perguntou-me.
- Acelerando. A fórmula é a adrenalina. Quando estás sobre este efeito tudo a tua volta fica mais lento, no entanto, dentro de ti vives um turbilhão de sentimentos. Aí vou ser capaz de viver todas as emoções, por mais que elas sejam. Só então saberei, que quem me controla sou eu e mais ninguém – Finalizei afundando-me na cadeira sorrindo.
- Sim, agora entendi – sorriu - Olhe desculpe – Disse ela já virada para trás a chamar o empregado do café enquanto insinuava a mão na minha direcção de modo a que eu a segurasse – Eram dois cafés se faz favor – voltou a cara de novo, encarando-me e apertando a minha mão numa segurança delicada – Comecemos já, vamos viver a vida nessa fórmula acelerada, e mesmo que não resulte, aperfeiçoaremos até a exaustão – Sorrimos por uma compreensão mutua, sorrimos por aquele por do sol, e por tudo que nos envolvia.  

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Laços Invisiveis


Esta história é diferente de todas as outras não começa
num era uma vez nem acaba num fim. Resume-se, a eu e ela, num passado presente e futuro continuos.
Onde não existem leis nem regras, onde sou duas pessoas!
Por onde passo marco uma linha, pois sou um ponto, que vagueio face as cordas do destino, certamente me cruzarei com vários pontos.  Mas apenas colidirei com um, ela! Ai sou eu duas pessoas. 
Há quem perdure ligado,  e há quem fique uma só pessoa de novo, em que o destino nos engana, nos separa e nos atormenta para seguir em frente, e quando o consegue, aquela colisão de outrora, perdura. 
 Não a amo, não sinto saudade. Sinto uma constante lembrança que actua e vive no presente.
Talvez o destino me esteja a pregar uma partida e nos voltemos a encontrar  ou talvez nos amemos eternamente sem saber...
Ah! A história?! Não a conto. Pois cabe a cada um que leu, sentir, e lá no fundo saber que aquela pessoa, está a caminhar e a escrever um  longo traço até vós! Esta, esta é a vossa história.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Hora da verdade!


Quando chegar a minha hora, ou por assim dizer, estiver perante Deus.
Na altura em que ele me sentenciar ao "inferno", ele saberá tudo o que quererei dizer e penso! Mas
mesmo assim o direi.

- Eu pequei, sim, admito-o! Amei, infestei-me de todos os prazeres carnais! "Pois para amar é preciso um recepiente de carne".
Mas que é feito do livre arbitrio? Somos livres de pensar e regermo-nos pelo que sentimos e por isso, pecamos!
Então como posso não ser condenado?! Se nos dá um livro com regras, limites e monotonias, contraditórias e quase impossíveis de seguir afincadamente?
Pois bem! Aceitando o facto desse livro estar correcto. Vou com todo o grado para
o "inferno". Tive conhecimento e não lhe quis ligar.
Por ultimo gostava que me esclaresse-se, se eu pequei, você pecou?! Tal como no seu livro, aquele que dá má educação ao filho será condenado, pois o filho pecará! Sendo eu seu filho, e mesmo assim deixar-me e a toda esta gente pecar. É somente, sua Excelência, quem peca!
Eu apoderar-me-ei do paraíso, para que todos o possamos habitar! Vossa Excelência, ficará onde se escolheu, no "inferno".

p.s - Na biblia não há referencia ao inferno como nós o chamamos e vemos.
     - " Pois para amar é preciso um recipiente de carne " Mário de Sá Carneiro.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Musica dividida em dois


Em cada melodia do piano, eu vivia a tristeza entranhada, consequente a isto vinha outra, mais doce e apaixonada, e cantava repetitivamente em eco nos confins do meu ser. Ser este, predilecto ao amor fugido. Amor que se agarra e se solta ao
respirar e palpitar, e estes, à vida! Nisto a vida são dois momentos: um indiscritivel, onde a 
perfeição nos consome pela completude em que nos situamos. Outro onde o que estava lá já lá não está.
Não odeio ser assim, não poder contornar ou provocar o que quer que queira sentir. Porque no fim da musicá o encanto viverá até ao fim.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Lua Nova

 

No mais fundo dos precipícios, onde a penumbra me cobria
ninguém me olhou, com ou sem olhos de ver, era eu nada mais nada menos que uma fonte seca.
Onde nem água nem fogo fluíam, elementos que outrora secaram.
Mesmo no mais profundo dos silêncios, onde até a morte que rastejava lentamente
tinha medo de se fazer ouvir
eu ouvia quem me chama-se, lá no topo, eu tentava focar
mas nada via, rostos marcados a negro que passavam fugazmente como ilusões.

De um momento para o outro, um calor, uma névoa levanta-se e eu não sentia o meu corpo.

Tudo branco.

Que claridade é esta? Que fogo me consome e que água me acalma?

Nada via, fechava os olhos para tentar entender, mas nisso vinha a escuridão.
Era uma palavra que não queria e não voltaria a sentir, implorei que conseguisse para sempre ficar
sem pestanejar, pois um milésimo de segundo que fosse sem aquele meu novo mundo era uma eternidade.
Neste novo imenso por explorar, só te via e ouvia, enquanto me olhavas e sussurravas com
uma delicadeza tal que me senti perfeito.

E os segundos pareceram décadas, era imortal!

Até que comum a tudo, o mundo desvaneceu-se, desapareceu e eu rastejava, praguejava e esquartejava as paredes do precipício, tentando escalar sem nada subir.
A mesma lua coberta de preto voltou a assombrar-me, e enquanto me gozava eu deixei-me ficar. Espero pelo calor e névoa da lua nova,
e pela música que encanta e aquece as minhas veias.
Não sei nada de nada, não sei o que fui ou o que deixei de ser.



sábado, 3 de outubro de 2009

Fui mas fiquei, agora permanecerei.



Ela estava longe, distante como uma luz no universo...
O caminho encurtava-se, já lhe sentia o peito a encher-se e esvaziar-se conforme o sopro de vida.
Via os lábios, de um cor de rosa tão perfeito, que faria chorar qualquer cor.
Aproximava-se cada vez mais.
Ela não se movia, era eu que corria.
Estava quase a chegar, quando flutuei no seu aroma.
Era como o carvalho humedecido pelo orvalho da manhã, fazia-me sentir livre.
Já sentia o calor emanado da sua pele.
O meu coração palpitava com uma força tal, que, se não estivesse anestesiado
talvez pensasse que estava a tentar fugir.
Ela abriu os braços.
Fiquei deliciado, sorri e corri ainda mais.
Era uma sombra, nas sombras.
Ia tocar-lhe, mas nada aconteceu, ultrapassei-a era como se ela não estivesse lá.
Ela virou-se enquanto chorava e gritava "NÃO, PORQUÊ? PORQUÊ QUE TE FOSTE SEM MIM?"
Olhava para um corpo inerte, imóvel, rijo.
Com uma cara fria e pálida, branca como cal.
Os seus olhos ficavam baços, com a cor castanha avelã a esgotar-se a cada segundo que passava.
Eram-me tão familiares.
Foi ai que o deixei de sentir. O coração que fugia. Libertou-se com a ultima batida.
Ali, estendido aos pés daquela que jamais poderia tocar outra vez, estava eu...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Escuro Demais


Por favor
Quero o meu amanhã, imprevisível e discreto
Quero tecer os meus laços, passo a passo.
Dava tudo o que tenho e tudo o que não tenho
Para viver! Não, viver não, apenas:
Quero respirar e sentir todas as fragrâncias
Quero ver cada silhueta cada contraste
Quero ouvir cada som ou sinfonia
Quero sentir, apenas sentir;
Sentir-me electrocutado por todas as vibrações
Ou algo que se assemelhe

GRITAR EM GRANDES GRAVES E AGUDOS TONS!

No entanto...

Sou um fardo, um caminhante das sombras,
Sombras essas bem iluminadas
Mas parece que a pupila não consegue focar
Estarei cego?
vagueio e vagueio

Sem rumo.

Abstenho-me do cheiro do toque dos sons
Da visão nem vale a pena falar.

Está tão escuro, escuro demais.

domingo, 28 de junho de 2009

Irremediável



Hoje sonhei com ela
Não sei porquê
Não sei porque razão
Esta coisa não se'me larga

Fico preso, Fico irremediavelmente preso
Ao beijo, ao fugir dela
Só de escrever isto já prova
que estou aprisionado
É tão demente de mim
Ver isto e ser assim

É melhor nem pensar
É melhor voltar a ser criança

Uma criança sabe amar
Eu cá já não sei
Porque se ela me foge
Que amor tenho eu para dar?

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Fita! (ALERTA)



Podes parar o mundo e tentar mudar-me a mente.
Podes parar o mundo mas não me mudarás!

Estes dias que correm, trezentos e sessenta graus vezes um, vezes dois, vezes três…
Não passam de ilusões de óptica! A fita de cinema está destinada a parar num qualquer ponto crítico, embora esta fita não tenha um fim, ela acaba por tê-lo. Nem que se rasgue, nem que a queimem, ou a cortem!
Nesta fita as aves voam ao contrário do planeta em si próprio, quererão elas mudar algo? Voltar o planeta de costas, retroceder o tempo talvez!? Este planeta onde o crepúsculo é constante, onde os três estados se encontram, dia, noite e ausência de ambos!
Caminhamos para nos sucumbirmos, à nossa mão cerrada em volta da nossa garganta. O fim que me impõem, não é o fim que desejo.

ALERTA! ALERTA! Código vermelho!
(retomem a suas casas, e permaneçam dentro destas, isolem-se na cave se a tiverem, qualquer contacto com o exterior será punido)
ALERTA! ALERTA! Código vermelho!

Somos livres, disseram todos aqueles que quiseram falar por nós!
E no fim seremos apenas cães presos, vagabundos de uma Terra que já foi nossa, sem qualquer distinção de uma raça de uma pobreza ou pensamento. Esta Terra já não é nossa, está podre, contaminada por modas, doenças, guerras, e químicos!
Quero ser um átomo, quero uma explosão outra vez, quero ser oxigénio ou hélio!
Quero viver, quero mesmo.